Programa dos Estúdios Victor Córdon que prevê um ciclo de 10 conversas conduzidas por Cristina Peres, com realização de João Afonso Vaz. As conversas são transmitidas no canal de Youtube dos Estúdios Victor Córdon e partilhadas nas redes do @camoesmaputo, um vez por mês, ao longo de 2021.

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4ª conversa - Com VERA MANTERO 

Vera Mantero estudou dança clássica com Anna Mascolo e integrou o Ballet Gulbenkian entre 1984 e 1989. Tornou-se um dos nomes centrais da Nova Dança Portuguesa, tendo iniciado a sua carreira coreográfica em 1987 e mostrado o seu trabalho por toda a Europa, Argentina, Chile, Uruguai, Brasil, Canadá, Coreia do Sul, EUA e Singapura.

Dos seus trabalhos destacam-se os solos “Talvez ela pudesse dançar primeiro e pensar depois” (1991), “Olympia” (1993), “uma misteriosa Coisa, disse o e.e.cummings*” (1996), “O que podemos dizer do Pierre” (2011), “Os Serrenhos do Caldeirão, exercícios em antropologia ficcional” (2012) e “Pão Rico” (2017), assim como as peças de grupo “Sob” (1993), “Para Enfastiadas e Profundas Tristezas” (1994), “Poesia e Selvajaria” (1998), “k(ɘ) su'pɔɾtɐ i s(ɘ)ˈpaɾɐ i kõˈtɐj uʃ dojʃ mu'duʃ i õ'dulɐ” (2002), “Até que Deus é destruído pelo extremo exercício da beleza” (2006), “Vamos sentir falta de tudo aquilo de que não precisamos” (2009), “SUB-REPTÍCIO (corpo clandestino)” (2012) e “As Práticas Propiciatórias dos Acontecimentos Futuros” (2018).

Em 2013 e 2014 criou as instalações performativas “Oferecem-se Sombras” e “Mais Pra Menos Que Pra Mais” (em duas versões: em ocupação da plateia e proscénio da Culturgest em 2013, e em hortas urbanas criadas para a apresentação final do projecto em 2014, esta última numa parceria entre a Culturgest e o Maria Matos Teatro Municipal, no âmbito do projecto Create to Connect, financiado pela Comissão Europeia). Estes projectos, bem como “O Limpo e o Sujo”, estreado no Teatro Maria Matos em Abril de 2016, no âmbito do ciclo “As Três Ecologias”, que Vera Mantero comissariou com Mark Deputter e Liliana Coutinho, posicionam-se de forma clara relativamente a temas e preocupações fulcrais da actualidade: questões de sustentabilidade ambiental e económica, de coesão social e inclusão, de Cidadania.

O seu trabalho artístico tem sido amplamente reconhecido, com prémios institucionais como o Prémio Almada do Ministério da Cultura (2002) ou o Prémio Gulbenkian Arte pela sua carreira como criadora e intérprete (2009), ou através de iniciativas como a apresentação de uma retrospectiva do seu trabalho, organizada pela Culturgest em 1999, intitulada “Mês de Março, Mês de Vera” ou a representação portuguesa na 26ª Bienal de São Paulo, em 2004, com “Comer o coração”, uma obra criada em parceria com o escultor Rui Chafes. O influente jornal brasileiro O Globo elegeu “Os Serrenhos do Caldeirão, exercícios em antropologia ficcional” como uma das 10 melhores peças de dança apresentadas em 2014.

A cidade do Fundão dedicou um ano à artista (Abril 2015 – Abril 2016), com um projecto intitulado “Passagem #2”, que inclui a apresentação de vários espectáculos, o trabalho com alunos de várias escolas locais e a recriação de “Comer o coração” para o circuito de arvorismo do Parque do Convento, no Fundão. A nova versão, designada “Comer o coração nas árvores”, foi apresentada em 2016, no Jardim da Sereia em Coimbra, para a qual Rui Chafes preparou uma nova escultura. Em 2019 apresenta-se em várias salas de espectáculo e assume o nome de "Comer o coração em cena".

Integra, desde 2014, o elenco da versão portuguesa de “Quizoola!”, de Tim Etchells/Forced Entertainment, ao lado de Jorge Andrade e Pedro Penim. Foi convidada por Boris Charmatz para integrar “20 Dancers for the XX Century”, um arquivo vivo dos solos coreográficos mais representativos do século XX, que teve lugar na Tate Modern (Londres) e na Opéra de Paris/Palais Garnier (Paris) em 2015, no Tanzkongress na Staatsoper (Hannover) e no Museo Reina Sofía (Madrid), em 2016, e no qual participa com alguns dos seus solos dos anos 90. Colabora regularmente em projectos internacionais de improvisação, ao lado de improvisadores e coreógrafos como Lisa Nelson, Mark Tompkins, Meg Stuart e Steve Paxton.

Desde 2000 dedica-se igualmente ao trabalho de voz, cantando repertório de vários autores e co-criando projectos de música experimental.

Lecciona regularmente composição e improvisação, em Portugal e no estrangeiro.