Conversa presencial com Paulina Chiziane no CCP-Beira,  mediada pelos colaboradores Rosa Maira e Rosário Charles. A entrevista é da responsabilidade do leitor mais assíduo do Clube dos Leitores, Noé Sábado Artur Charle.

Paulina Chiziane nasceu a 4 de junho de 1955 na província de Gaza, no seio de uma família protestante que comunicava em chope e ronga. Aprendeu a falar português na escola de uma missão católica, pouco antes de se mudar para a capital, Maputo. Chiziane deu início aos estudos superiores na Universidade Eduardo Mondlane, mas nunca concluiu a licenciatura de Linguística. Paulina acabou por se juntar à FRELIMO durante a luta pela independência. Mais tarde, em 1984, dececionada com a política, embarca na escrita, começando pelos contos e, inevitavelmente, posicionando-se na literatura nacional como meritória contista, sendo que foi buscar a sua grande inspiração ao avô, um contador de histórias nato. Alguns dos seus contos começaram a figurar na imprensa moçambicana, como na “Página Literária” e na revista “Tempo”, com histórias que representam os tempos difíceis, mas, ao mesmo tempo, da esperança, do amor, da mulher, e da África.

A conceituada escritora moçambicana recusa o estatuto de romancista, contudo, foi a primeira mulher de Moçambique a publicar um romance, em 1990, designado “Balada de Amor ao Vento”. A obra transcreve a oralidade africana para o papel, perpassando uma mensagem feminista e de esperança.

O maior sucesso de Chiziane surge com “Niketche: Uma História de Poligamia” que relata a vida de Rami, que após descobrir que o marido tem mais quatro mulheres, resolve procurá-las. Nesta obra, faz um apelo às mulheres para se unirem e se tornarem independentes. A obra ganhou o Prémio José Craveirinha de Literatura, em 2003.

Em 2014, Chiziane foi agraciada pelo Estado português com o grau de Grande Oficial da Ordem Infante D. Henrique, forma de reconhecimento do mérito e obra da autora. Em 2021, recebe, ainda, o Prémio Camões.

19h30