Os escritores António Cabrita e Mbate Pedro deslocam-se à Beira onde apresentarão o seu mais recente romance, e a convite do Camões - Centro de Língua Portuguesa da Universidade Pedagógica - delegação da Beira, irão dinamizar uma Conversa com estudantes desta Universidade,  no dia 6 de Abril, próxima sexta-feira, às 9 h, no Auditório Principal da Universidade Pedagógica.

Além de podermos ficar a conhecer Os Crimes Montanhosos, o seu mais recente livro, escrito a quatro mãos, publicado pela Cavalo do Mar Edições, o autor Mbate Pedro falará ainda da sua editora, responsável pela divulgação de uma nova geração de escritores moçambicanos, e quais os novos rumos da poesia e ficção moçambicana.

Este evento será seguido de uma Oficina de Trabalho (Workshop), sob a proposta de «Sugestões de Leitura e Criação Literária», dinamizada por este jovem e promissor escritor moçambicano.

Notas biográficas: António Cabrita é um ex-jornalista (nos dezasseis anos finais da sua carreira de jornalista esteve ligado, como crítico de cinema e de livros, ao semanário Expresso, de Lisboa) convertido agora em professor universitário, em Maputo, e escritor. Tem livros publicados em Portugal, Moçambique e Brasil. Sendo um poeta referenciado da geração de oitenta, na última década dedicou-se prioritariamente à ficção (contos e romance), tendo sido os seus livros sistematicamente finalistas de alguns dos mais prestigiados prémios do espaço da lusofonia. A obra Éter foi finalista (short list) do Prémio Pen Club, em Portugal, em Janeiro de 2017. Sobre a sua última obra escreveu José Mário Silva, no Expresso:  «Quem conheça as obras mais recentes de António Cabrita, nomeadamente esse belo romance que é A Maldição de Ondina (2013, finalista do Telecom), não se espantará com as alturas a que consegue subir a sua escrita, essa mistura de lirismo e galhardia, devaneio e precisão, criatividade à solta e esmero oficinal. Ainda assim parece que o antigo jornalista escava cada vez mais fundo na jazida que inventou para si mesmo, a prosa está cada vez mais livre, mais sensorial, mais sensual, mais jazzística (próxima dos solos de Miles Davis, tantas vezes evocado ao longo deste volume).»

Mbate Pedro é autor dos seguintes livros de poemas: O Mel Amargo (AEMO, 2006), Minarete de Medos e Outros Poemas (Índico, 2009), Vácuos (Cavalo do Mar, 2017) e Debaixo do Silêncio que Arde (Índico, 2015), este último distinguido com o Prémio BCI de literatura 2015 e com uma menção honrosa do Prémio Glória de Sant’Anna 2015 (Portugal). Mbate tem os seus textos (poemas e ensaios) dispersos em várias revistas literárias e jornais e tem colaboração em diversas antologias. Sobre a poesia de Mbate Pedro, o professor e ensaísta Ricardo Rido teceu o seguinte comentário, no prefácio à segunda edição do livro Debaixo do Silêncio que Arde: «Mbate Pedro expõe uma poética que recusa a subserviência da linguagem a soluções simplórias, mas sim uma imersão na linguagem que busca no reino das palavras polissemias que instiguem silêncios, estremeçam sentidos adormecidos com metáforas em forma de farpas, a rasgar o senso comum. Com frequência, uma consciência trágica assume na escrita do poeta, a poesia como linguagem do desvio, recusando-se a metáforas de fáceis digestões e assim o embate se dá na linguagem, no diálogo imaginário, que força o pensamento diante da poesia e que se faz desfazendo-se e pela deformação busca-se o encantamento. Mbate Pedro faz assim jus aos nomes poéticos do passado moçambicano, seguindo a linhagem de poetas inquietantes surgidos dos anos 1980 para cá, caso de Patraquim, White, Guita Jr., Armando Artur.»

Conversa 9h-10h Workshop 10h-12h