É na cidade de Maputo, e dentro dos seus 346,77km2, que Daniel Moreira e Rita Castro Neves se propõe trabalhar, em residência artística, na perspetiva de aqui produzir uma obra nova a ser mostrada in loco, no Centro Cultural Português em Maputo, entre 2 e 9 de agosto.

O limite geográfico de uma tão vasta área urbana, impõe desde logo novas circunscrições e limites, num processo decisório mais ou menos consciente. Percorrer a cidade, virar aqui e não ali, voltar atrás, tirar dúvidas e conversar, retornar, é um processo de deambular a cidade. Por outro lado, a aproximação ao conhecimento deste território, torna-se uma relação de descoberta – e autodescoberta – com a paisagem urbana, real ou ficcionante. Enquanto espaço social, político e geográfico desconhecido para os artistas, aumenta a disponibilidade para absorver informação nova sobre os lugares – físicos e mentais – tanto no seu conhecimento real (e re-conhecimento cultural e histórico), como no seu impacto subjetivo para a (re-)criação de uma experiência sobre o estar.

Mesmo partindo da aceitação da impossibilidade de (realmente) conhecer uma cidade, Rita e Daniel pensam sobre a paisagem urbana, e o confronto deles próprios com a cidade, uns com os outros, e entre os  diferentes meios privilegiados de representação: desenho, fotografia e vídeo, de forma instalada. O trabalho colaborativo deste dois artistas tem explorado o potencial criado pelas aparentes diferentes culturas artísticas – o ser um desenhador, o ser uma fotógrafa – para aprofundar uma perspetiva que sendo complexa e de ângulos diferentes se acumula numa visão agregadora.

Nota biográfica:

Artistas portugueses que vivem e trabalham no Porto, com percursos expositivos separados, trabalham desde 2015 em colaboração. Daniel Moreira é licenciado em Arquitetura, iniciando em 2000 um percurso multidisciplinar entre a arquitetura e as artes plásticas. Rita Castro Neves, após terminar o Curso Avançado de Fotografia do Ar.Co em Lisboa e o Master in Fine Art da Slade School of Fine Art de Londres, inicia uma atividade artística regular, de docência (atualmente na Faculdade de Belas Arte do Porto) e de curadoria (sobretudo na área da performance).

Com Laking, que realizaram em 2015 a convite do espaço artístico finlandês Oksasenkatu 11, iniciam um projeto longo a propósito da representação da paisagem, em que refletem com o desenho, a fotografia e o vídeo, de forma instalada, sobre colaboração artística, diferentes técnicas e culturas artísticas, território, escala e percurso. Mostrando na Galeria Bang Bang (Lisboa, 2016), Galeria Oitavo (Porto, 2017), Fundação José Rodrigues (Porto, 2017), na Sputenik The Window (Porto, 2017), no Museu da Imagem nos Encontros da Imagem de Braga (Braga, 2017), no Colégio das Artes (Coimbra, 2017), na Galeria Bolsa de Arte (São Paulo, 2017), no Museu Geológico de Lisboa (Lisboa, 2018) e na Casa Museu Medeiros e Almeida (Lisboa, 2018). Em agosto de 2017 estiveram em residência artística na Residência Paulo Reis do Ateliê Fidalga em São Paulo, apresentando no final uma exposição individual, em outubro de 2017 realizaram uma viagem de estudo ao Japão com a Bolsa de Estudo de Curta Duração da Fundação Oriente, em 2018 estiveram em residência em Alvito (Inter.Meada Residências Artísticas / Coleção Marín Gaspar) e no projeto Montanha Mágica / Universidade da Beira Anterior, na Covilhã.

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