O Camões - Centro Cultural Português e a Fundação José Saramago apresentam em Maputo a exposição “VOLTAR AOS PASSOS QUE FORAM DADOS”.
A abertura da exposição, que faz parte do programa oficial das celebrações do centenário de nascimento de José Saramago, contará com a participação do comissário-geral para o Centenário, Carlos Reis, considerado um dos mais relevantes ensaístas da atualidade que estará propositadamente em Maputo para a dinamização de diversas atividades no âmbito desta efeméride.
Esta exposição constitui uma “viagem” pela vida e obra de Saramago que leva o visitante a (re)encontrar as obras e o legado cultural e cívico do escritor em 15 painéis. A seleção dos textos é de Carlos Reis e Fernanda Costa, com design de André Letria. Nesta exposição, é retomado um desafio proposto pelo autor no livro “Viagem de Portugal”: “É preciso voltar aos passos que foram dados, para repetir e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já”.
Recentemente Carlos Reis referiu numa entrevista que se pudesse fazer uma pergunta agora a José Saramago, perguntaria que livro dele quereria que fosse lido daqui por 200 anos. “Digo isto não porque tenha dúvidas de que a obra de Saramago ficará por muitos anos, mas porque é sempre interessante sabermos qual a representação que o escritor tem da sua obra. Não que isso seja um definitivo guia de leitura, mas — nem sempre pensamos nisto — quando um escritor escreve, vai passando pela história ou a história vai passando por ele, os seus juízos vão mudando e por vezes um escritor vive de forma diferentemente confortável com as suas obras”, afirmou.
As celebrações do centenário de Saramago fazem-se com um vasto leque de atividades, as quais podem ser consultadas no website da Fundação José Saramago, e das quais fazem parte leituras, encenações de teatro, publicações e republicações – como é o caso da edição renovada de “Viagem a Portugal”, que inclui fotografias inéditas captadas pelo próprio Saramago.
A exposição “Voltar aos passos que foram dados” tem ainda um propósito de divulgação e de orientação pedagógica, permitindo um contacto de iniciação ou de revisão com a literatura e com o pensamento saramaguianos.
A exposição no Centro Cultural Português fica patente ao público de 18 de maio a 4 de junho, de segunda a sábado, entre as 10h00 e as 17h00 (entrada gratuita).
Nota biográfica sobre o comissário geral para o Centenário do nacimento de José Saramago, Prof. Doutor Carlos Reis:
CARLOS REIS é professor catedrático jubilado da Univ. de Coimbra, sendo especialista em Estudos Narrativos e em Literatura Portuguesa dos séculos XIX e XX, sobretudo no domínio dos estudos queirosianos. Autor de mais de trinta livros (último em data de publicação: Dicionário de Estudos Narrativos, 2018), ensinou em universidades da Europa, dos Estados Unidos e do Brasil. Dirige a Edição Crítica das Obras de Eça de Queirós (20 vols. publicados) e coordenou a História Crítica da Literatura Portuguesa (nove vols.). Foi diretor da Biblioteca Nacional, reitor da Universidade Aberta e presidente da Associação Internacional de Lusitanistas e da European Association of Distance Teaching Universities. É doutor honoris causa pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul e membro da Academia das Ciência de Lisboa e da Real Academia Española, tendo sido distinguido também com os prémios Jacinto do Prado Coelho (1996), Eduardo Lourenço (2019) e Vergílio Ferreira (2020). Presentemente é comissário para o Centenário de José Saramago.
