Vai ser apresentado publicamente, no dia 06 do corrente mês, pelas 17:00hrs, na Biblioteca do Centro Cultural Português em Maputo os livros do autor Carlos Paradona, “Carota N´tchakatcha” & “Mueda-Nos labirintos dos ritos de iniciação”.
Carota N´tchakatcha
De súbito, e todos viram, um vulto emergiu das águas a caminhar para a margem, com as mãos a limpar do corpo pedaços de folhas coladas, e a lançar para as águas algumas cobras, que a ele estavam agarradas. As plantas abriram-lhe a passagem, e ele caminhou, ousado e sereno, com o seu sorriso enigmático. Parecia um regressado, de uma outra dimensão, de um lugar ignoto. Outros répteis de infinitas cabeças também emergiram e voltaram a mergulhar, desaparecendo no interior do pântano. O homem estava ali, diante de todos, sem quaisquer rasgões, na carne, ou ferida no peito ou em qualquer outra parte do corpo.
Mueda-Nos labirintos dos ritos de iniciação
O escritor Carlos Paradona Rufino Roque, sem ser antropólogo, traz-nos um autêntico manual dos ritos de iniciação praticados pelos povos da província nortenha de Cabo Delegado, fustigada pela guerra terrorista há quase meia década. O epicentro do enredo é Mueda (conhecido nos anais da história do país pela saga do massacre, mas sobretudo, como símbolo de resistência contra o colonialismo), mas o seu circulo abrange povoações nacionais mediatizadas pelo terrorismo e/ou pela sua gémea “gás do Rovuma” (Palma, Macomia, Muidumbue, Mbau, Nangade, Quissanga) e povoações do lado da Tanzania, Zanzibar, Mombassa, Ilhas Comores, com quem sempre fez comércio, etc.
O Romance “Mueda” que percorre os meandros do ritos de iniciação tem, na literatura moçambicana, antecessores ilustres - Mia Couto, Paulina Chiziane..., cujo valor literário das obras está no moçambicanizar ritos locais/particulares, mas também em fazer crescer e moçambicanizar a língua portuguesa introduzindo nela ritos, sabores e falares das nossas diferentes maneiras de dar razão à existência.
17h00