No âmbito de um protocolo de cooperação entre a Câmara Municipal de Lisboa e o Camões — Centro Cultural Português em Maputo, o programa anual de residência artística destina-se a artistas visuais e/ou fotógrafos moçambicanos que já tenham currículo na área e pretendam desenvolver um projeto coerente, consistente com o percurso artístico do candidato, pertinente na proposta de relação com a cidade de Lisboa e com reconhecido interesse no âmbito da arte contemporânea.
Euridice Kala (Maputo, 1987) foi a artista selecionada por unanimidade com o projecto Sea (E)Scapes, com o qual a artista pretende mapear as viagens ultramarinas dos portugueses desde o final do Séc. XIV até ao Séc. XVIII, sobretudo no cruzamento entre Moçambique e Brasil. O principal enfoque deste projeto é a investigação do Paquete São José, naufragado na costa da Cidade do Cabo (África do Sul), o qual aparentemente transportava escravos da Ilha de Moçambique para o Brasil.
Euridice Kala concluiu o Diploma em Tecnologias da Informação na Unisa — Universidade da África do Sul, em 2008. Realizou o Curso de Fotografia na galeria de arte Market Photo Workshop, tendo obtido o Certificado Avançado em 2012. Realizou várias residências e workshops e trabalhou como Curadora na Creative Exchange da Wits School of Arts (Joanesburgo, 2014), na Parking Gallery Project Space (2013) e na Bienal de Jacarta (Indonésia, 2013). Expôs na África do Sul, Camarões, França, Holanda e Moçambique. Foi uma das artistas convidadas para participar na Bienal de Dakar 2016 (Senegal).
Depois da residência em Lisboa, no dia 18 de Agosto, Euridice Kala e Felix Mula (vencedor da 1ª edição da Residência Artística), numa conversa aberta e informal no Camões — Centro Cultural Português em Maputo, revelaram os projetos que desenvolveram em Lisboa. Os artistas falaram sobre a experiência na cidade, inquietações, metodologias, pesquisa e pequenas histórias presentes nos seus processos de criação. Ambos falaram ainda sobre o processo de candidatura.