No dia 16 de novembro, às 17h00, está agendada a apresentação em Maputo, no Teatro Avenida, da 3ª edição do Programa ITINERÁRIOS, pelos intérpretes moçambicanos Amélia Socovinho, Carolina Manuel e Diogo Igor Amaral, no âmbito da 10ª edição do KINANI e da Biennale de la Danse em Afrique.

Pelo 3º ano consecutivo, realizou-se o programa de incentivo à criação artística Itinerários, dirigido a criadores moçambicanos da área da dança. Este ano o coletivo de artistas que viajou para Portugal  foi composto por Amélia Socovinho, Carolina Manuel e Diogo Igor Amaral, com a mediação de Panaibra Canda (Moçambique) e David Marques (Portugal).  Esta é uma parceria entre os Estúdios Victor Córdon e o Camões –  Centro Cultural Português em Maputo.

Itinerários pretende criar uma rede entre Moçambique, Portugal e outros parceiros na Europa, desenvolvendo iniciativas que relacionem os vários territórios entre si, com o intuito de promover a internacionalização na criação artística.

Desta vez, a primeira fase deste programa aconteceu em parceria com o Festival Materiais Diversos, materializando-se numa Residência Artística em Alcanena de uma semana. O primeiro momento do programa Itinerários levou os três artistas residentes até à nascente do Rio Alviela, em particular ao Centro de Ciência Viva do Alviela, onde participaram no seminário Companheirismo e colaboração – práticas artísticas para a sustentabilidade, orientado por Carolina Cifras, Simone Frangi e Clara Antunes. Tiveram ainda a oportunidade de assistir a vários espetáculos da programação do Festival Materiais Diversos, no âmbito do qual foi organizado o seminário.

Depois de conhecerem e participarem no Festival Materiais Diversos, os três artistas seguiram para Guimarães, onde teve lugar a segunda residência do programa, em parceria com A Oficina. O início do trabalho da residência de criação aconteceu no Centro de Criação do Candoso.  A coreógrafa Piny acompanhou os artistas em estúdio em vários momentos.

Por fim, no fim de outubro, os artistas chegaram à terceira e última fase de residência artística dos Itinerários, que aconteceu em Lisboa, numa das casas fundadoras do programa: os Estúdios Victor Córdon. Na capital, os artistas continuaram a desenvolver o seu trabalho, que foi partilhado com o público na fase final da residência, a 9 de novembro. Durante o período em que estiveram em residência,  também dirigiam três aulas abertas, naquela que foi uma oportunidade de conhecerem pessoas interessadas em dança e profissionais desta área em Lisboa.

Na última semana de residência artística da 3ª edição do programa Itinerários, realizou-se uma segunda mostra informal do trabalho dos três artistas convidados, desta vez nos Estúdios Victor Córdon, em Lisboa.

O final do programa Itinerários culmina com a apresentação do resultado da residência dos três artistas em Maputo, a 16 de novembro,  no âmbito do Festival KINANI.

Mediação em Moçambique - Panaibra Canda:

Nasceu em Maputo, Moçambique. Estudou teatro, dança e música em Moçambique e em Portugal. Desenvolve os seus projetos artísticos desde 1993, e foi em 1998 que fundou a CulturArte - Cultura e Arte em Movimento, o primeiro espaço de produção de dança contemporânea em Moçambique. Contando já com 25 anos de carreira, é um dedicado diretor artístico e coreógrafo, mantendo uma relação permanente com a comunidade artística nacional e regional através de criações e de treino profissional. Colabora frequentemente com artistas do Sul de África e da Europa, tanto da área da dança como de outras disciplinas artísticas. Panaibra Canda integra a 2ª edição de Uma coleção para Amanhã (2022).

Mediação em Portugal - David Marques:

David Marques iniciou a prática de dança aos cinco anos com Helena Azevedo. Estudou na Escola Superior de Dança – IPL em Lisboa e participou na formação EXERCE do Centre Chorégraphique National de Montpellier, com o tema Dança e Imagem (sob direção de Mathilde Monnier), como bolseiro da Fundação Calouste Gulbenkian. Frequenta, atualmente, o mestrado em Estética e Estudos Artísticos – Arte e Culturas Políticas da NOVA FCSH. Começou a desenvolver o seu trabalho como coreógrafo com o apoio da EIRA, em Lisboa, que prosseguiu nos períodos em que viveu em França e em Israel. Tem criado peças para palco e colaborado com artistas como Ido Feder, Tiago Cadete, Teresa Silva e Diogo Brito no desenvolvimento de projetos artísticos em vários suportes e plataformas. Criou os solos Motor de BuscaKIN e Dança Sem Vergonha, as peças de grupo RessacaMistério da Cultura e Teorias da Inspiração, e coproduções com instituições como o Centro Cultural de Belém, a Culturgest, o Festival Materiais Diversos e o TBA - Teatro do Bairro Alto. Tem-se apresentado em Portugal, Espanha (La Fundición), França (CCN Montpellier, Chorège Falaise), Israel (Tmuna Theater, Jerusalem International Dance Week), Ucrânia (Gogolfest), Brasil (SESC Consolação, SESC Sorocaba, Espaço Cultural Sérgio Porto), Itália (Short Theater Festival). No seu trabalho, tem abordado a multidimensionalidade das relações entre atenção, memória e corpo, procurando espaços relacionais improváveis para desafiar temporalidades reconhecíveis. Recebeu o Prémio Autores SPA para Coreografia com a peça Mistério da Cultura. Desde 2014 colabora regularmente como intérprete com o coreógrafo francês Loïc Touzé (FanfareForme SimplePetit Trafic e Cabaret Brouillon) e também com autores como David Wampach, Francisco Camacho, Filipa Francisco, Lucie Tuma, Raquel Castro, Tiago Guedes, Tiago Vieira e Emily Wardill. Acompanha projetos de outros coreógrafos dando um olhar exterior, nomeadamente, trabalhos de Loïc Touzé, Madeleine Fournier, Rémy Héritier e Bruno Alexandre, e faz assistência de movimento para projetos de teatro. Propõe regularmente laboratórios no âmbito dos seus projetos para a cena e leciona, ocasionalmente, em instituições como a Escola Superior de Dança – IPL, Jerusalem Academy of Music and Dance, Danslab Bruxelas. Entre 2021 e 2023 desenvolve trabalho de mediação e curadoria no âmbito do intercâmbio ITINERÁRIOS entre artistas e instituições de Portugal e Moçambique, uma iniciativa dos Estúdios Victor Córdon e do Camões - Centro Cultural Português em Maputo. Pertence, desde a sua fundação em 2020, ao núcleo facilitador da Ação Cooperativista, grupo informal ativista que defende os direitos de profissionais da cultura em Portugal. É fundador da PARCA associação cultural.

Amélia Socovinho:

Amélia Socovinho é bailarina profissional e performer. Iniciou a sua carreira nas danças tradicionais em 2003, enquanto frequentava o ensino secundário. Em 2006, entrou para o projeto Independência, um grupo de dança inclusivo criado no seio da CulturArte e dirigido pelo coreógrafo Panaibra Canda. Desde aí, foi colaborando com este último em vários projetos, tais como IncomatBorderlinesPoema de gestos, ou Mentiras Aplaudidas entre outros. Como intérprete das peças de Panaibra Canda, tem viajado pelo mundo e dançado em festivais internacionais como, por exemplo, Panorama (Brasil), Euro-scene (Alemanha), Danse L’Afrique Danse (África do Sul), Festival Di Art Integrante (Suíça), Global Dance (EUA), KIKANI (Moçambique) ou Alkantara (Portugal), entre outros. É também locutora, comunicadora e professor de dança. Entre 2009 e 2014 trabalhou como voluntária na inclusão das crianças com deficiência na área da dança. Já participou em diversos workshops com artistas moçambicanos e estrangeiros, e foi bolseira de residências artísticas na África do Sul, no Brasil e em Portugal.

Carolina Manuel:

Carolina Manuel é acrobata e bailarina profissional. Iniciou-se na expressão corporal em grupos de dança tradicional em Maputo. Beneficiou de uma bolsa de intercâmbio artístico entre Moçambique-Noruega da Associação MoNo (2017) e lá participou no FK Youth Camp. Estudou e aprimorou técnicas de circo, acrobacia e dança na Kultursholen Fredrikstad School (Noruega, 2018). Também treinou como professora e assistente de classe, e, além de arte circense, estudou balé, dança contemporânea, dança jazz e hip-hop. Em 2019, foi artista associada da CulturArte, participando na formação em dança contemporânea e na residência de criação RIR-PALOP e . também no programa de residências de intercâmbio regional Kanda Yetu (2019-2020). Ainda na CulturArte, participou na remontagem da performance Ponto de Intersecção, de Panaibra Gabriel Canda, apresentada em Moçambique e no Mali (2019 e 2020). Em 2020, participou no espetáculo infantojuvenil Era uma vez: uma história com Princesa Cenoura, que junta dança, acrobacia aérea e o contar de histórias para crianças e adolescentes. Em 2021, participou no projeto “África no circo”, e integrou “os jovens africanos do cabaré pan-africano 100% feminino”, em parceria com Le prato (Lille-França) e Fekat Circus (Adis Abeba-Etiópia). Desenvolveu o projeto Vertige, entre Moçambique e Madagáscar, com a bailarina e coreógrafa Malgas Judith Olivia. O projeto teve apoio do Instituto Francês de Paris. Em 2022, desenvolveu um programa de formação para crianças no bairro, com aulas de acrobacias e dança, através no núcleo “circo-lar”.

Diogo Igor Amaral:

Diogo Igor Amaral tem como expressão artística a Dança. A sua carreira começou em 2013, momento em que começou a praticar danças de rua por diversão. Nesse mesmo ano, fez parte de dois grupos de dança em Maputo, nomeadamente, Grupo radical e Grupo maquinista. Com essas experiências, teve a oportunidade de aprofundar mais o interesse pela área, tendo desenvolvido uma paixão pela dança tradicional Moçambicana, que se tornou a sua principal área de pesquisa. Em 2018, entrou para a Associação Cultural Mono, onde estudou, durante dois anos, dança jazz, contemporânea, tradicional e ballet. Foi nessa altura que se aproximou da dança contemporânea, percebendo que podia expressar em movimento, no palco, tudo o que pensava e sentia. Nesse sentido, começou a participar em workshops com profissionais da área a nível nacional e internacional, a saber, Idio Chichava, Horácio Macuacua, Lulu sala, Edvaldo Ernesto, Irmelin Robertsen (Noruega), Sonya Dahle (Noruega), Juliane Soli (Noruega), José Agudo, Allyne Dance, Laura Aris, German Jauregui, Anita Diaz Otero, Kira Kirsch, Marta Coronado, Joe Alegado, Andrew Harwood, Alexander Vantournhout. Em 2022, participou no Festival Impulstanz (Viena) como membro do Projeto Dance Web. Como intérprete, já dançou nos festivais KINANI (Moçambique) e ONE DANCE WEEK (Bulgária). Enquanto bailarino, Diogo tem como fonte de inspiração as interações e diferenças culturais existentes nas culturas mais tradicionalistas que existem pelo mundo fora.