Por ocasião da comemoração do centenário do nascimento de Eugénio de Andrade (1923 - 2005), o Centro de Língua Portuguesa - Camões/ UEM, na Faculdade de Letras e Ciências Sociais, da Universidade Eduardo Mondlane, assinala esta efeméride com uma sessão sobre a vida e obra do poeta, no dia 4 de Maio, pelas 10h, no Centro de Língua Portuguesa. Esta sessão, orientada pelo docente de Literatura, Albino Macuácua, terá a projeção de um breve filme sobre o poeta e uma conversa com estudantes sobre a poesia de Eugénio de Andrade.
O poeta Eugénio de Andrade (pseudónimo de José Fontinhas) nasceu no Fundão, viveu em Coimbra e em Lisboa, mas seria o Porto, para onde se mudou aos 27 anos, a sua cidade de eleição onde viria a viver e a escrever grande parte da sua obra. Era um homem pacato, reservado, que aparecia poucas vezes em público, mas que nos deixou uma obra poética sublime e luminosa. O seu primeiro livro, “Adolescente“ foi editado em 1942, mas é com “As mãos e os Frutos”, publicado em 1948, que se torna conhecido. Para além destes, publicou dezenas de livros, alguns infantis, participou em diversas antologias e foi tradutor.
Para além do Prémio Camões que receberia em 2001, Eugénio de Andrade recebeu outros prémios, entre os quais se destacam o Prémio da Associação Internacional de Críticos Literários (1986) e o Prémio Vida Literária da Associação Portuguesa de Escritores (1989). É um dos poetas portugueses mais traduzidos.
Entre os seus poemas, recorda-se aqui um dos que, pela atualidade da sua mensagem, merece tal destaque:
Urgentemente
É urgente o amor.
É urgente um barco no mar.
É urgente destruir certas palavras,
ódio, solidão e crueldade,
alguns lamentos,
muitas espadas.
É urgente inventar alegria,
multiplicar os beijos, as searas,
é urgente descobrir rosas e rios
e manhãs claras.
Cai o silêncio nos ombros e a luz
impura, até doer.
É urgente o amor, é urgente
permanecer.
Eugénio de Andrade,
Até Amanhã, 1956
10h00-12h00