Vai ser apresentado publicamente, no dia 06 do corrente mês, pelas 17:00hrs, na Biblioteca do Centro Cultural Português em Maputo os livros do autor Carlos Paradona, “Carota N´tchakatcha” & “Mueda-Nos labirintos dos ritos de iniciação”.

Carota N´tchakatcha

De súbito, e todos viram, um vulto emergiu das águas a caminhar para a margem, com as mãos a limpar do corpo pedaços de folhas coladas, e a lançar para as águas algumas cobras, que a ele estavam agarradas. As plantas abriram-lhe a passagem, e ele caminhou, ousado e sereno, com o seu sorriso enigmático. Parecia um regressado, de uma outra dimensão, de um lugar ignoto. Outros répteis de infinitas cabeças também emergiram e voltaram a mergulhar, desaparecendo no interior do pântano. O homem estava ali, diante de todos, sem quaisquer rasgões, na carne, ou ferida no peito ou em qualquer outra parte do corpo.

Mueda-Nos labirintos dos ritos de iniciação

O escritor Carlos Paradona Rufino Roque, sem ser antropólogo, traz-nos um autêntico manual dos ritos de iniciação praticados pelos povos da província nortenha de Cabo Delegado, fustigada pela guerra terrorista há quase meia década. O epicentro do enredo é Mueda (conhecido nos anais da história do país pela saga do massacre, mas sobretudo, como símbolo de resistência contra o colonialismo), mas o seu circulo abrange povoações nacionais mediatizadas pelo terrorismo e/ou pela sua gémea “gás do Rovuma” (Palma, Macomia, Muidumbue, Mbau, Nangade, Quissanga) e povoações do lado da Tanzania, Zanzibar, Mombassa, Ilhas Comores, com quem sempre fez comércio, etc.

O Romance “Mueda” que percorre os meandros do ritos de iniciação tem, na literatura moçambicana, antecessores ilustres - Mia Couto, Paulina Chiziane..., cujo valor literário das obras está no moçambicanizar ritos locais/particulares, mas também em fazer crescer e moçambicanizar a língua portuguesa introduzindo nela ritos, sabores e falares das nossas diferentes maneiras de dar razão à existência.

Nascido em Inhaminga, Província de Sofala, concluiu a 4ª classe na Escola Primaria Oficial do Dondo, em 1973. Posteriormente, frequentou os então Ciclo Preparatório Dr. Baltazar Rebelo de Sousa e Liceu Pêro de Anaia, na Cidade da Beira e foi estudante moçambicano na República de Cuba.Em 1980 publica os seus primeiros poemas na página Diálogo do extinto jornal Noticias da Beira. Colaborou ainda com poesia, contos e ensaios nas páginas Diálogo do Diário de Moçambique, Letras e Artes do Jornal Domingo, nas Revistas Tempo, Charrua, Forja e Eco ao longo das décadas de oitenta e de noventa. Em 1992 publica o seu livro de poemas A Gestação do Luar e, mais tarde, os romances Tchanaze, a Donzela de Sena (2009), N’tsai Tchassassa, A virgem de Missangas (2013) e Carota N’tchakatcha, Feitiços e Mitos (2019). Tem obras publicadas em Portugal e em Espanha.
 
Carlos Paradona Rufino Roque, é membro da Associação dos Escritores Moçambicanos (AEMO), desde a sua fundação, e representa Moçambique, desde 2009, no Corpo de Jurado do Grande Prémio SONANGOL de Literatura, República de Angola.

17h00